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Programa Tech Talents, da Neon, forma e contrata pessoas refugiadas na área de TI

Atualizado: 20 de dez. de 2022

14/11/2022

Por Karine Wenzel



Esteban Gomez foi um dos participantes do Tech Talents. Foto: Arquivo pessoal

Quando a venezuelana Oriana Presilla chegou ao Brasil, em 2019, trabalhava como manicure e precisava se desdobrar entre o trabalho e os cuidados com o filho pequeno. Em 2022, já atuando como secretária, decidiu assumir um novo compromisso todas as noites durante três meses: aulas online de tecnologia. “Esse foi meu primeiro contato com a área e mudou minha vida”, relembra.

Oriana fez parte de uma iniciativa da instituição financeira Neon que forma e contrata pessoas para a área de tecnologia. A primeira turma do Tech Talents, voltada exclusivamente para pessoas refugiadas e migrantes, começou em 2021. Dos 20 alunos participantes, 18 se formaram e 15 foram contratados, incluindo Oriana.

“Essa turma tem conexão com nosso propósito de diminuir desigualdades por caminhos financeiros mais justos e investir no acesso à educação, que acreditamos ser uma ferramenta de transformação social. Além disso, dado o desafio de inúmeras vagas e poucos profissionais qualificados na área de tecnologia, é uma estratégia para formação de talentos”, explica Camila Costa, coordenadora de Engajamento e Experiência na Neon e idealizadora do programa Tech Talents.

A empresa, membro do Fórum Empresas com Refugiados, tem um manifesto de Diversidade, Equidade e Inclusão, com um dos capítulos voltado exclusivamente para pessoas refugiadas e migrantes, reforçando o compromisso com a não discriminação. Além disso, um grupo de afinidade de pessoas migrantes se reúne para troca de informações e ativações de conteúdo para sensibilização e educação, fortalecendo o senso de comunidade e pertencimento

No Tech Talents, os alunos tiveram acesso a uma formação generalista em tecnologia, com conteúdos de programação, infraestrutura e banco de dados, além de soft skills, para unir competências técnicas e comportamentais. O curso gratuito foi totalmente online, assim os participantes puderam conciliar seus empregos e assistir às aulas de diversas regiões do país (havia alunos em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e Amazonas).

Após a parte teórica de cada módulo, um colaborador da Neon abordava aspectos práticos, contava um pouco sobre a cultura da empresa e ajudava a dar visibilidade para a futura carreira dos participantes. Essa participação de colaboradores da empresa também apareceu no desafio final, quando os alunos, em grupos, precisaram desenvolver um aplicativo de gestão financeira. Para superar o desafio, contaram com ajuda de mentores da Neon. E, para tornar as mentorias ainda mais efetivas, a fintech elaborou um guia para os funcionários, ressaltando, por exemplo, a importância de uma comunicação clara e de desenvolver escuta ativa, e treinou lideranças sobre o contexto de refúgio, vieses inconscientes e outros temas relevantes.

15 pessoas refugiadas contratadas

Depois de passarem pelo curso e desafio proposto, 15 alunos refugiados da turma foram contratados na função de analista de tecnologia na Neon, em diferentes áreas, em fevereiro de 2022. Os profissionais são da Venezuela, Angola, Haiti, Guiné-Bissau, sendo 64% negros e 73% mulheres. Como as vagas são remotas, as pessoas permaneceram em suas cidades de residência no Brasil.


Agora, eles continuam a jornada de estudos, com uma plataforma disponibilizada exclusivamente para eles, e acompanhados por mentores para recomendações de materiais de apoio e resolução de questões do dia a dia na empresa. “Já sentimos os impactos positivos dessas contratações. Eles têm um efeito muito positivo nos outros colaboradores, mudaram o clima organizacional dado o nível de engajamento e comprometimento, além de trazerem outra perspectiva para os desafios de negócios que a gente vivencia”, complementa Camila.


Oriana Presilla teve o primeiro contato com tecnologia no programa. Foto: Arquivo pessoal

Oriana, que teve o primeiro contato com tecnologia por meio do programa, foi uma das alunas contratadas. Ela mora em Brasília e comemora que, graças ao emprego, conseguiu trazer a mãe e a irmã para morar no Brasil. “Fazer esse curso foi a melhor decisão que tomei na vida. Minha mãe está em tratamento de câncer e o apoio que a Neon tem me dado é incrível. Aqui tem igualdade, ninguém é melhor do que ninguém, todos trabalham para um mesmo objetivo. Você é protagonista de sua história, basta correr atrás do que você quer”, argumenta.

Um de seus colegas de curso foi o também venezuelano Esteban Gomez. Ele conta que sempre foi apaixonado por tecnologia, tanto que chegou a cursar por um tempo faculdade de Programação na Venezuela, e adorava a área bancária, onde trabalhou por cinco anos no país vizinho. Mas nunca imaginou que iria conseguir unir as duas paixões em um trabalho no Brasil, para onde se mudou em 2019, com esposa, três filhas e outros parentes.


“Chegamos com uma expectativa muito grande: queria um futuro melhor para as minhas filhas e buscar trabalho. No Brasil, trabalhei com marcenaria, logística e em várias outras áreas. Quando vi essa oportunidade do curso da Neon, resolvi tentar. Consegui a vaga na Tech Talents e fiquei muito emocionado”, conta.


Esteban foi contratado para a equipe de InfraCloud e foi um dos profissionais refugiados que ajudaram a desenvolver um robô, pioneiro no atendimento a colaboradores sobre os processos internos usando inteligência artificial.


Apoio da Toti Diversidade

A instituição financeira contou com apoio da Toti Diversidade, responsável pela seleção de candidatos, formação profissional para área de TI, acompanhamento personalizado dos estudantes e elaboração da ementa do curso em conjunto com a Neon. Esses foram alguns aspectos que ajudaram na baixa evasão e alto percentual de contratações do programa, conforme Giulia Torres, uma das fundadoras e diretora da área de Carreira da Toti, startup focada na formação de pessoas refugiadas e migrantes em tecnologia.

“Durante todo o processo, a Neon esteve bem próxima da gente. Acompanhamos de perto o desempenho dos alunos e essa atenção resultou em um bom rendimento e desempenho final deles. Também percebemos uma conexão muito grande entre os estudantes”, afirma.

Ela lembra que um dos desafios enfrentados foi a falta de computadores, o que impedia alguns alunos de acompanharem as aulas. Para transpor o impasse, a Neon enviou equipamentos, inclusive para cidades do interior.




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