Kora Saúde contrata jovens indígenas refugiados por meio de programa de inclusão

08 de dezembro de 2025

Feira de Empregabilidade realizada no Projeto Ninho em Vitória/ES

Fundada em 2019, a rede hospitalar Kora Saúde, com sede em Vitória/ES, começou suas ações de inclusão a pessoas refugiadas em novembro de 2023. Atualmente, conta com 27 profissionais refugiados e migrantes da Colômbia, Guiné-Bissau, Haiti, Cuba e jovens indígenas da Venezuela.

Para viabilizar as contratações, a rede hospitalar  promove oficinas de empregabilidade e tem flexibilizado a comprovação de escolaridade para cargos operacionais, que exigem ensino fundamental ou médio. Já para cargos de nível superior, não exigem validação de diploma no Brasil, com exceção de profissões regulamentadas por conselhos de classe. As pessoas refugiadas ocupam cargos  no setor de TI , financeiro, recursos humanos e áreas operacionais. 

Magda de Oliveira Costa, coordenadora de Recrutamento & Seleção Corporativo da Kora Sáude, conta que a motivação para iniciar a contratação das pessoas refugiadas veio da sensibilização da empresa em relação à causa humanitária, por meio de notícias sobre o tema e divulgações da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). “A Kora compreendeu que poderia contribuir por meio de contratações. Buscamos informações  sobre o Fórum Empresas com Refugiados e a partir daí elaboramos o Projeto Inclusão Sem Fronteiras, para unir todas as nossas unidades hospitalares em prol dessa causa humanitária”, explica.

Nas oficinas sobre empregabilidade, profissionais da Kora ensinam como se preparar para entrevistas de emprego, elaboração de currículos e realizam o processo seletivo.  O projeto prevê ainda o acompanhamento dos refugiados e migrantes contratados com a realização das  rodas de conversas a cada seis meses e esclarecimento de dúvidas por meio de  um grupo de WhatsApp.

Imiry Marin, de 53 anos, natural da Venezuela, é uma das colaboradoras. A contadora teve que se deslocar para o Brasil em 2019. Acolhida inicialmente em Boa Vista/RR, foi selecionada junto com a sua família para viver temporariamente em um abrigo em Vitória/ES.  “Nas primeiras entrevistas de trabalho percebi que minha idade podia estar sendo um obstáculo  e foi aí que entendi o que significava etarismo. Vi também o quão difícil era não ter rede no Brasil, não ter indicação para conseguir uma vaga de trabalho”, comenta. Por isso, começou a atuar de forma autónoma, dando aula de espanhol e traduzindo documentos, até que foi a uma feira de emprego que mudou a sua vida e da família. 

Quando recebeu a ligação da empresa, ficou muito surpresa com a aprovação. Atualmente, Imiry é assistente financeiro em contas a pagar na Kora Saúde e seu marido, que é formado em tecnologia da informação (TI), também conseguiu trabalho na empresa. “Não esperávamos atuar na nossa área devido à idade, mas a Kora nos abriu a porta e tem sido uma experiência maravilhosa, as pessoas daqui são muito amorosas”, relata Imiry. 

Imiry Marin, Assistente Financeiro da Kora Saúde

A diversidade no quadro de colaboradores, com pessoas que falam outro idioma e com culturas diferentes, é enriquecedor para as equipes de trabalho e tem gerado um impacto positivo na empresa. “Pessoas refugiadas são motivadas e resilientes, passaram por inúmeras dificuldades para chegar ao Brasil e são exemplos de perseverança e luta”, complementa Magda. 

Em maio de 2025, a empresa realizou as admissões dos dois jovens aprendizes indígenas da etnia Warao em uma de suas unidades em Palmas/TO. A família dos jovens enfrenta situações de vulnerabilidade social, com o pai como único provedor. Com a contratação dos adolescentes, de 14 e 16 anos, a renda familiar aumentou. A proposta da Kora Saúde é preparar esses jovens para uma possível efetivação ao término do contrato de aprendizagem, garantindo a continuidade do desenvolvimento profissional e a consolidação de sua autonomia dentro da empresa.

Em relação ao desafio do idioma, a empresa tem buscado cursos de português gratuitos e online para seus profissionais refugiados e migrantes, possibilitando que evoluam dentro de suas carreiras e consigam reconstruir, de forma ainda mais autônoma, suas vidas no Brasil.