Construtora Tenda supera meta de contratação de pessoas refugiadas
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- 26 de mar.
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26/03/2025 Por Karine Wenzel

Lusbiz Mariela era enfermeira na Venezuela, e seu marido, Pedro Jesus, mecânico. O casal chegou ao Brasil às vésperas do Natal de 2020, acompanhado dos filhos. Após passarem por abrigos e receberem apoio da Operação Acolhida, foram encaminhados a Brasília. Ficaram pouco mais de um mês em um espaço de acolhimento quando receberam a notícia tão aguardada: haviam sido contratados para seu primeiro emprego formal no país. O destino era uma cidade até então desconhecida para eles - Goiânia - onde recomeçaram a vida em um setor novo: a construção civil.
“Nunca havíamos trabalhado em uma construtora, fomos aprendendo aos poucos, ‘pegando a manha’, como dizem aqui. Hoje, sei colocar rejunte, arrumar vazamentos, pintar paredes... Já são quase quatro anos neste emprego, e gostamos muito”, conta Lusbiz, que atua ao lado do marido no acabamento dos imóveis.
A família está estabelecida na nova cidade, o filho caçula frequenta a escola, e o mais velho conseguiu seu primeiro emprego. Agora, Lusbiz faz planos para o futuro: “Queremos nossa casa aqui, para que meu filho possa estudar e ter uma carreira universitária.”
O casal faz parte do primeiro grupo de venezuelanos contratados pela Construtora Tenda. Assim como Lusbiz e Pedro Jesus, mais de 300 refugiados e migrantes passaram a construir não apenas imóveis, mas também suas histórias de autossuficiência e sucesso no Brasil.

Um programa que transforma vidas
“Desde o início, sabíamos que essa ação tinha futuro. Logo depois de Goiânia, expandimos para São Paulo. Vimos que a rotatividade era menor, o clima organizacional melhorava e os funcionários refugiados eram muito cuidadosos com os equipamentos de segurança e disciplinados com horários e tarefas”, relembra Lucas Moura, gerente de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Tenda.
Para crescer, a empresa apostou na diversificação de nacionalidades e no fortalecimento de parcerias. Conheceram o trabalho da Operação Acolhida em Boa Vista e realizaram sensibilizações em suas regionais para demonstrar os benefícios da contratação desses profissionais.
Hoje, o Programa Refugiados em Obras, que começou com três contratações em 2021, já soma 310 funcionários de nove nacionalidades em sete estados (Bahia, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e São Paulo). A maior parte é angolana (59%), seguida por venezuelanos (33%) e outras nacionalidades como congoleses, haitianos e pessoas da Guiné-Bissau.
A participação da Tenda no Fórum Empresas com Refugiados também impulsionou a iniciativa, permitindo trocas de boas práticas. Além disso, a integração entre colegas tem sido essencial. “A empresa antecipa pagamentos e benefícios permitidos por lei, mas tem casos em que os colegas também se envolvem. Eles são muito solidários na obra e apoiam os novos colaboradores”, acrescenta Lucas.
Resultados expressivos e novos desafios
Para garantir um acolhimento eficaz, a empresa conta com uma assistente social em São Paulo, uma profissional especializada em recrutamento dessa população e um acompanhamento próximo dos contratados.
E os resultados desse engajamento já aparecem. A Tenda alcançou, em novembro de 2024, a meta de ter 10% da força de trabalho nos canteiros composta por pessoas refugiadas - um ano antes do prazo estipulado no Fórum Global sobre Refugiados, maior evento mundial nesta temática. Hoje, esse número já chega a 13,3%. A empresa foi destaque na plataforma global. Além disso, a taxa de turnover entre refugiados é 40% menor em comparação aos brasileiros e cai ainda mais - 68% - quando analisada no primeiro ano de contratação.
A empresa planeja seguir avançando. Os planos para 2025 incluem engajar colaboradores brasileiros em ações voluntárias, como oferecer conversação em português, participar de mutirões de vagas e ajudar refugiados a estruturarem seus currículos e ingressarem no mercado de trabalho. Além de contratar, a Tenda quer ser referência e porta-voz da causa.

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