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Iguatemi apoia capacitação e contrata grupo de mulheres refugiadas

Em parceria com o projeto Empoderando Refugiadas, empresa emprega mulheres com deficiência, doenças crônicas, mais de 50 anos e LGBTQIA+, promovendo a interiorização voluntária de 38 pessoas


Por: Yana Lima

Equipe de refugiadas contratadas pela Iguatemi. Crédito: Iguatemi


Focada em trazer ainda mais diversidade para o quadro de colaboradores e aumentar a capacidade e a entrega de valor da Iguatemi, a rede de shoppings encontrou no projeto Empoderando Refugiadas a inclusão transversal que promove em seu Comitê de Equidade. A iniciativa, em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Rede Brasil do Pacto Global e ONU Mulheres, formou em dezembro de 2020 uma turma inédita que incluiu mulheres refugiadas com deficiências, doenças crônicas e/ou com necessidades especiais. Participaram também outras refugiadas que possuem familiares com deficiências e são as únicas provedoras de renda da família, representantes dos pilares geracionais (50+) e LGBTQIA+. A Iguatemi, juntamente com o Facebook, foi patrocinadora e contratou onze participantes.


“Começamos a jornada de inclusão com a mobilização do Comitê de Equidade para olharmos para nossos indicadores internos: mulheres e negros em liderança, pessoas com deficiências, entre outros. Vimos que os pilares são interseccionados e não precisam estar separados porque a realidade não é assim. Então, decidimos trazer a diversidade de forma transversal, para aumentar nossas perspectivas com projetos de maiores impactos, como é o caso do Empoderando Refugiadas”, explica a diretora de Recursos Humanos da Iguatemi, Vivian Broge.


A Iguatemi apostou na iniciativa como forma de capacitar as refugiadas que estavam vivendo em abrigos na cidade de Boa Vista, Roraima, para que a partir dessa profissionalização elas pudessem ser empregadas formalmente no mercado de trabalho brasileiro. A companhia contratou dez participantes, além do esposo de uma refugiada que está no final da segunda gestação - e tem um filho de dois anos com múltiplas deficiências. De acordo com Vivian, a escolha se deu a partir de um processo seletivo amplo, aberto e o mais diverso possível.


“Nunca olhamos uma vaga específica para elas, mas quais eram os talentos e as capacidades que elas ofereciam para que pudéssemos fazer o match com as oportunidades. Queremos que a experiência seja positiva para o JK Iguatemi e o Iguatemi São Paulo [unidades que receberam as participantes] para que seja possível ampliar a oferta de emprego às pessoas advindas da diversidade em outros shoppings”, ressalta a diretora de RH.


A primeira contratação de refugiado pela empresa Iguatemi se deu em 2017 e, atualmente, o grupo conta com 26 colaboradores estrangeiros, entre pessoas refugiadas e migrantes da Nigéria, Haiti e Venezuela.

Parcerias pela diversidade


O grupo selecionado contou com o apoio da Turma do Jiló, associação social sem fins lucrativos que trabalha para implementar e garantir a educação inclusiva. Em novembro de 2020, a equipe da ONG visitou o Centro de Acolhida Pricumã, em Boa Vista, para fazer a avaliação biopsicossocial das participantes - que leva em conta seus aspectos psicológicos, biológicos e sociais. Foram feitas longas entrevistas individuais com cada refugiada, para que a partir deste diagnóstico fosse possível elaborar um currículo que valorizasse as habilidades e competências.


Para além das entrevistas, a equipe da Turma do Jiló conheceu a Operação Acolhida (força-tarefa humanitária executada e coordenada pelo Governo Federal com o apoio de agências da ONU e de mais de 100 entidades da sociedade civil) e facilitou um workshop presencial para organizações internacionais, Forças Armadas e outras ONGs que integram a resposta humanitária. Gestores dos shoppings JK Iguatemi e Iguatemi São Paulo também contaram com a orientação da Turma do Jiló sobre a acolhida e integração das mulheres contratadas pela empresa.



“A Turma do Jiló acredita que são as diferenças que movem o mundo, mas precisamos ter um olhar sistêmico sobre qualquer pessoa. Fazer gestão das diferenças é algo ainda complexo e a inclusão só acontece quando todos os atores do processo têm a mesma visão e conhecimento para incluir com equidade de oportunidade. Desenvolver o trabalho para refugiadas foi um presente. Aprendi muito com essas mulheres”, ressalta Carolina Videira, presidente da Turma do Jiló.


A contratação não é a última etapa do projeto Empoderando Refugiadas. Quando a empresa confirma a aprovação das mulheres no processo seletivo, é preciso prepará-las para a mudança até a cidade de destino, neste caso, São Paulo. Ainda em Boa Vista, as participantes fizeram exames admissionais, abriram suas contas bancárias e atualizaram a documentação pessoal e da família para a interiorização. O processo de documentação e traslado é implementado pela Operação Acolhida.

“Achava que seria difícil alguém me contratar pela minha condição de saúde”


Dennys del Valle Diaz, 34 anos, é mãe de Denice e Deneida, gêmeas de 17 anos que tiveram paralisia cerebral no nascimento. As filhas não tiveram comprometimentos cognitivos e apresentam leves dificuldades motoras por conta do encurtamento das pernas. Dennys, por sua vez, teve que passar por uma operação em decorrência de um câncer. Elas deixaram a Venezuela pela dificuldade em seguir com os tratamentos de saúde. As três participaram da capacitação oferecida pelo Empoderando Refugiadas e receberam resultado positivo da entrevista que fizeram com o Iguatemi. Junto da avó, elas se mudaram para São Paulo.


“Decidi participar do Empoderando Refugiadas porque considerei que teria uma nova oportunidade para avançar e assim recomeçar minha vida junto de minhas filhas e minha mãe. É um presente de Deus porque pensei que já não teria possibilidade de estar novamente no mercado de trabalho. Achava que seria difícil alguém me contratar pela minha condição de saúde. Também considero uma oportunidade para as minhas filhas que são muito novas e têm esperança de ter uma vida melhor. Quero vê-las na universidade”, planeja Dennys.


Atualmente, Dennys trabalha no setor de limpeza do shopping JK Iguatemi, enquanto Deneida atua no fraldário e Denice é jovem aprendiz no Iguatemi São Paulo. A mãe conta que tem interesse em seguir no trabalho, buscar crescimento na empresa para conquistar estabilidade e oferecer uma vida com segurança à família. Além das gêmeas que a acompanham na jornada, Dennys tem uma filha de 19 anos que ficou na Venezuela.


O grupo de 34 pessoas, entre contratadas e familiares, chegou em São Paulo no dia 25 de fevereiro e foi recebido pela equipe do ACNUR. As famílias foram abrigadas nos centros de acolhida Aldeias Infantis e Madre Assunta, onde permanecem pelo período de até três meses. Recebem também um auxílio financeiro mensal complementar do ACNUR para apoiar a mudança e adaptação na nova cidade. As famílias contarão ainda com o apoio do projeto Acolhidos por Meio do Trabalho, iniciativa da Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI), responsável por auxiliar a busca de casas, custeio e mobiliário da moradia por três meses e por prestar assistência social ao grupo.

Dennys e as filhas na chegada à base aérea de São Paulo. Crédito: ACNUR


Um convite para dançar


Enquanto algumas participantes do Empoderando Refugiadas fizeram a viagem para São Paulo junto de suas famílias, outras realizaram a mudança sozinhas, como foi o caso de Dashly Dallar, 21 anos. Suas duas filhas ficaram com os avós em Boa Vista, até que a documentação de toda a família seja providenciada e Dashly possa se acostumar com a vida em São Paulo. A intenção é que toda a família se reúna na cidade em breve. Apesar da distância e da saudade, ela se diz feliz com o momento de transformação.


“Agradeço muito a todos os parceiros do projeto por esta nova oportunidade de vida, por me acolherem e me darem a chance de seguir a diante. Gratidão à equipe da Iguatemi por me possibilitar a realizar meu sonho que é ter um lar digno para minhas filhas e para mim. Eu me sinto muito feliz no meu trabalho, meus colegas são ótimos”, conta Dashly.


A Iguatemi é signatária dos Women's Empowerment Principles (WEPs) desde março de 2019 e foi eleita este ano como a 15ª melhor empresa para trabalhar no setor de varejo no Brasil pela consultora GPTW (Great Place to Work), do total de 196 inscritas. Em 2020, foi considerada uma das melhores empresas para as mulheres trabalharem no Brasil, na 4ª edição do prêmio GPTW Mulher.


“Nosso principal desafio na inclusão de refugiadas é como integrar essas pessoas o mais rápido possível atendendo às necessidades, para que possam recuperar a possibilidade de serem protagonistas de suas próprias vidas. Uma coisa é você convidar para o baile e a outra é convidar para dançar. Buscamos as pessoas para dançar e criamos espaços para que elas possam falar de suas necessidades com muita transparência”, destaca Vivian.

Sobre o Empoderando Refugiadas


A quinta edição do projeto ocorreu em Boa Vista entre setembro de 2020 a março de 2021. Foram oferecidas 70 vagas de formação para mulheres refugiadas em situação de vulnerabilidade. Deste total, 62 receberam o certificado do Senac Roraima pelo curso de Atendimento e Vendas e 32 foram contratadas pela Iguatemi, Lojas Renner, Unidas e Drogaria São Paulo. Mais de 180 pessoas foram interiorizadas para São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. A edição conta com apoio de Facebook, Sodexo, Unidas, MRV, Uber, Iguatemi e Lojas Renner. O projeto é executado em parceria com a AVSI Brasil, Operação Acolhida, Círculos de Hospitalidade, ADRA, Cáritas, Programa de Apoio à Recolocação de Refugiados (PARR) e Foxtime.



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