09/09/2022
Por Karine Wenzel
O A.C. Camargo Cancer Center é pioneiro e referência internacional em oncologia. Inaugurado em 1953, o centro de ensino, pesquisa e tratamento multidisciplinar tem foco no paciente e no cuidado humanizado. Mas cuidar de quem cuida também é uma prioridade da instituição que, desde 2015, tem trabalhado fortemente em questões ligadas à Diversidade e Inclusão.
“Contribuir para um mundo melhor e proporcionar um ambiente que acolha uma pluralidade de perfis sociais e culturais fazem parte da estratégia do Programa de Diversidade. A diversidade de origens, pensamentos e talentos é fundamental para promover criatividade, engajamento e inovação”, ressalta Gabriela Carvalho, analista responsável por Diversidade e Inclusão no A.C. Camargo Center.
Um dos pilares do Programa é a contratação de pessoas refugiadas e migrantes. Atualmente, são 31 colaboradores vindos de outros países, principalmente da Venezuela e Bolívia. “Ao ingressar no Programa, ofertamos oportunidades para cargos administrativos e operacionais. Na integração, identificamos a necessidade de tratar temas relacionados a idiomas e formação profissional”, conta Gabriela.
Ela explica que, inicialmente, houve uma reformulação no processo de integração, principalmente para quem iria trabalhar no setor de higienização hospitalar. Muitas vezes, o cargo exigia experiência prévia e os candidatos não tinham. Então, foi elaborado um treinamento, com duração de 20 a 30 dias, englobando a rotina do trabalho, cultura e informática. Essa iniciativa contemplou cerca de 150 pessoas refugiadas, migrantes e brasileiras em situação de vulnerabilidade.
O A.C Camargo conta com a parceria do Instituto Adus para indicação de candidatos refugiados e treinamento da equipe de Recursos Humanos.
Funcionários refugiados trazem diferencial para central de relacionamento
Outro setor que contrata profissionais refugiados é o de atendimento. A fluência dos profissionais em idiomas como o espanhol é um diferencial, e facilita a comunicação com pacientes de outros países.
Independentemente da área de atuação, a instituição promove a sensibilização de líderes, gestores e de toda a equipe para que recebam os novos profissionais de forma inclusiva e acolhedora. Ainda com o objetivo de apoiar na integração, seja de pessoas refugiadas ou brasileiras, o A.C. Camargo criou um grupo de multiplicadores. Os profissionais mais experientes são os responsáveis por acolher e auxiliar no desenvolvimento das atividades, apresentar a instituição e oferecer suporte nas demandas do dia a dia.
Todas essas ações de inclusão contribuíram para que o A.C Camargo participasse do Pacto Global da ONU no Brasil e se tornasse membro do Fórum Empresas com Refugiados.
Família de venezuelanos conta como foi processo de inclusão
As ações de inclusão da instituição proporcionaram diversas oportunidades aos profissionais e a suas famílias. É o caso de Sidenia Duarte e os dois filhos, Rafael e Raquel Vargas. Os três venezuelanos, além de uma sobrinha da mesma família, trabalham no hospital.
Sidenia, que atua na preparação de alimentos aos pacientes, foi a primeira a ser contratada, em 2019. “Nunca imaginei que ia ter a oportunidade de trabalhar neste hospital por causa do meu idioma, pois eu ainda não sabia falar português, mas as pessoas que me entrevistaram foram pessoas com muita empatia, cheias de amor e compreensão”, relembra Sidenia.
Até a contratação de Sidenia, Raquel e Rafael mantinham a família de seis pessoas com o salário de atendentes em uma lanchonete. Raquel, que estudava Nutrição na Venezuela e chegou a vender frutas nas ruas de Boa Vista, começou como jovem aprendiz no A.C. Camargo e foi efetivada neste ano. “Eu estou muito orgulhosa da pessoa que estou me tornando dentro desta instituição, e grata pela oportunidade que a empresa me proporcionou”, diz Raquel, que trabalha no setor de atendimento, assim como o irmão.
Com a vivência no hospital, Rafael faz planos de cursar Enfermagem: “No primeiro dia que eu estava aqui, todos foram bastante acolhedores na parte do treinamento. Eu estava preocupado pelo idioma, mas falaram que não tinha problema, que é um processo e que iríamos aprender. O bom é que aqui temos oportunidade de estudar, fazer cursos e capacitação. É uma porta boa para o futuro”, afirma.
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