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Santander apoia microempreendimentos de refugiados

Atualizado: 24 de mar. de 2021

Programa de capacitação “Parceiros em Ação” oferece apoio especializado e educação financeira para pessoas em situação de vulnerabilidade social


Por: Yana Lima

Brasil afora, o Banco Santander desenvolve o programa Parceiros em Ação, que promove o empreendedorismo com população de baixa renda. Em 2018, foi a vez de incluir os refugiados na iniciativa. Foram formadas duas turmas para a capacitação: uma aberta a pessoas de diferentes nacionalidades e a segunda exclusiva para venezuelanos, que chegavam a São Paulo pelo programa de interiorização promovido pelo Governo Federal.


“Fomos procurados pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que apresentou as necessidades dos solicitantes de refúgio que estão no Brasil. Como já tínhamos um programa de capacitação de empreendedores, decidimos fazer turmas para eles também. Com o apoio da Aliança Empreendedora e da Accenture, formamos 30 migrantes e refugiados em 2018”, conta a superintendente de sustentabilidade do Santander, Karine Bueno.


O programa consiste em cinco encontros de 2 horas e meia durante uma semana para discussão de temas como vendas, precificação e gestão financeira. As aulas são gratuitas e abertas a clientes e não clientes do banco. Além de proporcionar o fortalecimento do modelo de gestão, o Parceiros em Ação também impulsiona o microcrédito nas comunidades, promovendo desenvolvimento local.


Há seis anos, o banco apoia o desenvolvimento de microempreendimentos em regiões de baixa renda onde a empresa de microcrédito Prospera Santander Microfinanças está presente. O Parceiros em Ação só saiu do papel porque contou com o apoio da Aliança Empreendedora, que atua junto ao banco desde 2009. A organização não-governamental paranaense surgiu com o objetivo oferecer a microempreendedores e grupos produtivos comunitários de todos os setores, o suporte que necessitavam para desenvolver seus negócios.


“Para abraçar a demanda de refugiados, adaptamos a metodologia e incluímos elementos sobre o mercado de empreendedorismo no Brasil: como os clientes compram, como pagam, qual o cenário de consumo no país. A capacitação mostra uma outra possibilidade de vida para eles. Desenhamos o projeto junto com o Santander e, desde 2015, contamos também com o apoio da Accenture como financiador e gestor do programa.”, explica Camila Maria Reis, coordenadora do Parceiros em Ação.


Para a realização das aulas, contaram também com o suporte de organizações dedicadas à integração de migrantes e pessoas em situação de refúgio. A turma com múltiplas nacionalidades, composta por 11 pessoas – entre venezuelanos, peruanos, colombianos e sírios – teve a consultoria da ONG Migraflix, instituição sem fins lucrativos que apoia a integração social e econômica de imigrantes.


“Era de interesse da Migraflix, há bastante tempo, que os refugiados empreendedores que passavam por nossos cursos pudessem ter acesso ao microcrédito. Entendemos que o programa Parceiros em Ação era complementar ao nosso, em metodologia e conteúdo. Então, decidimos apoiar. Nós divulgamos o programa em nossa rede e fizemos uma aula organizada pela Aliança sobre educação financeira”, conta Jonathan Berezovsky, diretor do Migraflix.


Já a segunda turma de refugiados, com 19 alunos, contou com o suporte do Instituto Venezuela, criado para facilitar a aproximação social, cultural e econômica entre Brasil e Venezuela. A iniciativa surgiu da parceria entre empresários venezuelanos que residem no Brasil e decidiram ajudar os compatriotas que estão migrando por conta da atual crise.


“Todos nós temos famílias lá, todos temos a mesma inquietude pela condição que nossos compatriotas estão chagando aqui. Queremos ajudar com empregabilidade, porque é a única coisa que pode mudar a vida dessas pessoas. Três venezuelanos trabalham como diretores no Santander e, internamente, envolveram a área de Sustentabilidade, que lidera Parceiros em Ação. Divulgamos aos compatriotas e conseguimos derrubar algumas barreiras do microcrédito para que eles tivessem acesso” conta Victor Villareal, empresário e diretor do Instituto Venezuela.


Em abril de 2019, inicia uma nova turma do programa Parceiros em Ação, desta vez com o suporte da Compassiva, organização social que atende crianças, adolescentes, mulheres e refugiados em situação de vulnerabilidade na cidade de São Paulo. A instituição oferece cursos e atividades socioeducativas, envolvendo esportes, artes e cultura.



A colheita do Parceiros em Ação


O microempreendedorismo é, atualmente, uma alternativa importante para a geração de renda em regiões com baixo índice de desenvolvimento. Para os refugiados que chegam ao Brasil, sem domínio do idioma e sem conhecer os trâmites do local, empreender é uma possibilidade de retomar sua autonomia financeira e contribuir para o país de acolhida.


Há sete anos em São Paulo, Martin Suarez deixou o Peru com a mãe para auxiliar nos cuidados do sobrinho que havia nascido com síndrome de down. Ambos vieram regularizados como imigrantes. Iniciaram no Brasil uma jornada de empreendedores gastronômicos com o Sabor Latino, uma espécie de “restaurante” aberto na casa onde moram. Mãe e filho oferecem exemplares originais da comida andina e peruana no que chamam de huarique (esconderijo). Atendem aos fins de semana e com reservas antecipadas. Segundo Suarez, esse tipo de restaurante é muito popular no Peru e faz com que os turistas vivenciem a cultura local. Como migrante empreendedor, ele participou do Parceiros em Ação e passou a contratar refugiados em seu estabelecimento.


“Servimos almoços peruanos aos fins de semana. Recentemente, começamos a fazer jantares para fora e também um pequeno serviço de entrega a domicílio à noite. Trabalho com a minha mãe, meu irmão e dois ajudantes, um deles, refugiado sírio. O curso nos ajudou a pensar melhor e entender quem eram nossos clientes. Estamos nos readequando ao nosso novo público, mas percebemos que mesmo com a crise no Brasil, nós temos atendido mais e mais pessoas”, relata Martín Suarez.


Após as capacitações, dois empreendedores são escolhidos como destaques para receberem prêmios. Um deles ganha a gravação de um vídeo publicitário sobre o negócio e o outro, o suporte no desenvolvimento de materiais de divulgação, como criação de logotipos e panfletos. Suarez ganhou um dos prêmios.


“Fui escolhido como empreendedor destaque porque era o que mais participava das aulas. Ganhamos o vídeo institucional. Nosso ranqueamento no Google está ótimo, estamos bem cotados em todas as plataformas e estamos bem avaliados por clientes nossos”, comemora o empreendedor.



Balanço positivo na vida dos empreendedores


Em pesquisa realizada com 79 participantes do programa Parceiros em Ação em 2017 (não inclui refugiados), 80% contaram que sentiram melhorias concretas na gestão e divulgação de seus negócios após a capacitação. Já 54% do total perceberam aumento no faturamento. A cada quatro empreendedores beneficiados, um novo posto de trabalho foi aberto após as oficinas. O programa também revelou a força do empreendedorismo feminino. Diante da convocação nas comunidades, 75% das participantes são mulheres.



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