top of page

Com mais de 5,2 mil refugiados e migrantes contratados, BRF oferece escuta ativa e acolhimento

03/01/2022

Por Karine Wenzel



Pessoa negra de macacão, máscara e luvas azul, com touca branca e protetores de ouvido, manuseando uma caixa em uma sala industrial
Colaborador da BRF Yvenel Alice (Crédito: Leandro Schmidt)

Cuidado que vai além da assinatura na carteira de trabalho. É assim que a BRF, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, trata seus colaboradores refugiados e migrantes. O contingente de mais de 5,2 mil profissionais representa mais de 5% do total de funcionários no país. De 21 nacionalidades, eles atuam em 20 unidades brasileiras, nos estados do Sul, Pernambuco, Goiás e Mato Grosso do Sul. A grande maioria é de haitianos (3,7 mil) e venezuelanos (1 mil), mas também há senegaleses, cubanos, angolanos, entre outros.

A experiência de uma das maiores empregadoras do Brasil na contratação de pessoas vindas de outros países começou em 2014, mas ganhou fôlego em 2018 em ações de apoio à Operação Acolhida, resposta ao fluxo de pessoas da Venezuela para o Brasil coordenada pelo Governo Federal e apoiada por agências da ONU e organizações da sociedade civil. Desde então, a BRF tem contratado e acolhido centenas de pessoas refugiadas e migrantes e seus familiares nas diversas cidades onde a empresa tem operação.

O casal Oliannys Reyes, 21 anos (foto 1), e Alberto Gomez, 27 (foto 2), faz parte desse grupo. Eles chegaram ao Brasil em 2018 e enfrentaram diversas dificuldades. Dormiram nas ruas de Boa Vista por quase quatro meses até conseguirem vaga em um dos abrigos da Operação Acolhida na cidade. E por meio da estratégia de interiorização, que transfere voluntariamente refugiados e migrantes venezuelanos desde Roraima para outras regiões do Brasil, chegaram a Capinzal. Na cidade de cerca de 23 mil habitantes no Meio-Oeste catarinense, começaram seu primeiro emprego formal, em uma fábrica da BRF. Depois de três anos no trabalho, eles comemoram suas conquistas.

“Desde o começo a equipe da BRF foi muito boa com a gente, nos ajudaram bastante e tiveram paciência. Agora nos estabilizamos no Brasil, conseguimos ajudar os parentes que ainda estão na Venezuela e compramos carro, moto e trocamos de móveis”, conta Oliannys.

Para facilitar o acolhimento e integração desses colaboradores, a companhia desenvolve inúmeras ações internas e locais. Em algumas unidades, a empresa dispõe de infraestrutura de habitação (PROHAB) para os colaboradores sem condições de arcar com moradia. Além disso, oferece ajuda de custo inicial, doações de alimentos, roupas e mobiliário para as moradias provisórias, dependendo da definição de cada unidade.

“Um dos principais pontos é nosso olhar para a pessoa refugiada como profissional, porque é uma relação benéfica para os dois lados. Temos uma troca cultural muito rica, com formas diferentes de encarar os desafios e de encontrar soluções”, define Thiago Pereira, gerente executivo global de Learning, Performance, Cultura e Diversidade da BRF.

Outro ponto importante neste processo de inclusão é que a BRF procura apoiar as entidades que organizam a vinda de pessoas refugiadas e migrantes. Desenvolve ainda atividades culturais e sociais para as famílias de colaboradores como feiras de cultura, festas temáticas e cultos ecumênicos. A companhia também tem incentivado a contratação desses familiares, por exemplo, por meio de estágios e do programa Jovem Aprendiz.

Já para driblar a barreira do idioma, a BRF implementou a comunicação em outras línguas - espanhol, francês e crioulo -, especialmente nos comunicados mais relevantes e nos materiais essenciais na hora da contratação, como código de ética e contrato de trabalho. Em unidades com maior contingente desses profissionais, a empresa também tem um posto de trabalho para pessoas refugiadas e migrantes atuarem como tradutores e fazerem a ponte entre líderes e funcionários, além de auxiliarem nas demandas que surgirem. O haitiano Lenot Baptista, 33 anos, é operador tradutor na unidade de Chapecó (SC). Além do dia a dia na empresa, um curso de português pago pela BRF foi fundamental para aprender o idioma. Após sete anos atuando na fábrica, hoje se sente satisfeito em conseguir auxiliar outros colaboradores.

“Fico muito feliz com essa oportunidade. Ajudo na elaboração de cartazes e outros materiais em crioulo e francês e também dou apoio aos colegas no meu turno, auxiliando no que precisarem. A empresa está disposta a oferecer oportunidades para nós e percebemos que podemos crescer”, explica Lenot, que cursa a oitava fase do curso de Administração e planeja seguir de desenvolvendo dentro da BRF.

A escuta é outro quesito fundamental neste processo de acolhimento. A empresa tem o trabalho de Escuta Ativa, que consiste em analisar oportunidades de melhoria nos processos de integração, estadia, pontos de maior dificuldade e como está o desenvolvimento do colaborador na empresa, além de estabelecer planos de carreira.

“Todos dentro da BRF seguem comprometidos com a ideia de que cultura, raça, religião, faixa etária, gênero, orientação sexual, deficiências e experiências de vida são aspectos valorizados por todos, uma vez que a multiplicidade de visões se reverte positivamente no negócio, gera inovação e proximidade com nossos clientes e reafirma nosso compromisso social”, reforça Thiago Pereira.

Futuro de ampliação do programa

Signatária do Compromisso “Equidade é Prioridade: Gênero”, a BRF também participa da plataforma de engajamento de Direitos Humanos da Rede Brasil do Pacto Global da ONU e é empresa participante do Fórum Empresas com Refugiados.

Para o futuro, a BRF espera estender as atividades de apoio para a integração de colaboradores refugiados e migrantes em todas as unidades onde possui operação. Também planeja lançar o Grupo de Afinidade de Migrantes, com objetivo de garantir que tenham ainda mais acolhimento e integração. Além disso, pretende oferecer aulas de português gratuitas inclusive para familiares dos colaboradores.


bottom of page