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Amanco Wavin oferece acompanhamento e aulas de português para colaboradores refugiados e migrantes

Atualizado: 17 de dez. de 2021


13/12/2021

Por Karinel Wenzel



Wilfredo (à dir.) com colegas de trabalho na fábrica em Joinville
Wilfredo (à dir.) com colegas de trabalho na fábrica em Joinville

A Amanco Wavin tem um propósito bem claro: melhorar a vida ao redor do mundo. Essa meta da marca especializada em tubos e conexões aparece, inclusive, na hora de formar o quadro de funcionários. A empresa contratou, entre maio e outubro de 2021, 19 pessoas refugiadas e migrantes em situação de vulnerabilidade social, sendo 16 vindas da Venezuela e três do Haiti. Os trabalhadores vindos de outros países recebem todo o suporte da companhia, por meio de ONGs e parceiros, com acompanhamento periódico e aulas de português.


“A demanda de refugiados está movendo o mundo todo. Como nossa empresa tem atuação global, a inclusão de refugiados e migrantes entrou na agenda. Atualmente, o desafio das empresas é realmente incluir esses colaboradores, afinal, estamos trazendo pessoas que não dominam o nosso idioma, então o que fazer para que se sintam em casa?”, pontua Renato Polonio, coordenador de RH da Amanco Wavin.


A resposta a esse questionamento veio após muita pesquisa da Amanco Wavin. Um grupo de trabalho foi montado, reunindo profissionais de diferentes áreas da companhia, para pensar em um programa com base em três pilares: contratação, inclusão e desenvolvimento. Assim, foi criado no início deste ano o Projeto Além das Fronteiras. Um dos passos da iniciativa foi buscar orientações junto à Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), além de unir forças com organizações que atuam nesta área, como a ONG Missão Paz de São Paulo. A instituição ministra aulas on-line de língua portuguesa, duas vezes por semana, aos novos colaboradores.


“Chegamos ao Brasil só com a bagagem e o sonho de crescer”


Além de ultrapassar o desafio do idioma, Wilfredo Morillo teve de superar a barreira da idade para se reinserir no mercado de trabalho. Aos 55 anos, o venezuelano comemora o emprego formal na fábrica de Joinville, cidade que escolheu para morar quando ainda estava no país de origem. “Pesquisamos na Internet e analisamos a situação econômica, a qualidade de vida e vimos que era zona de indústrias, o que representa condições favoráveis para emprego”, conta.


Ele, a esposa e os dois filhos adultos desembarcaram no Norte de Santa Catarina em março de 2020, já que na Venezuela enfrentavam dificuldades para conseguir comprar alimentos, medicamentos e outros itens essenciais devido à crise econômica. Com a pandemia, o emprego formal ficou mais distante e a família sobrevivia da venda de pães caseiros e da renda do filho, que era motorista de aplicativo com um carro emprestado. Há sete meses, essa história começou a ganhar um novo capítulo, quando Wilfredo foi contratado pela Amanco Wavin. “Não foi fácil, a gente tinha tudo na Venezuela: casa, carro e eletrodomésticos, mas não conseguíamos comprar itens básicos, devido à escassez, nem conseguíamos emprego. E chegamos ao Brasil sem nada além da bagagem e o sonho de crescer. E, graças a Deus e à Amanco Wavin, estamos conseguindo”, comemora.


E os planos de crescer continuam. Wilfredo quer se desenvolver dentro da empresa e aprender outras funções. A produção de pães caseiros continua nas mãos da esposa e da filha. Seu sonho é abrir uma padaria e até contratar outras pessoas venezuelanas no empreendimento.


Parcerias garantem o sucesso do programa


Para auxiliar no acompanhamento de colaboradores, como Wilfredo, e promover a capacitação dos líderes, o projeto da Amanco Wavin teve ainda a parceria da Troca, negócio de impacto social que auxilia as empresas a transformarem, através do emprego, a vida de pessoas que vivenciam alguma vulnerabilidade. A Troca aderiu ao Fórum Empresas com Refugiados.


“Além de incluir essas pessoas, fazemos o acompanhamento. Criamos uma metodologia muito focada no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e também no acompanhamento psicossocial. Então fazemos parcerias com instituições, conectamos essas pessoas e as incluímos nas empresas de forma produtiva”, explica Tarso Oliveira, CEO e fundador da Troca.


O acompanhamento, realizado semanal ou quinzenalmente, é feito por webconferência. São abordadas relações de trabalho e aspectos da vida pessoal. O líder também participa, dando feedbacks que se transformam em pontos de desenvolvimento, e recebe retornos do colaborador. “Isso ajuda a evitar problemas e a desenvolver pessoas de forma mais rápida, graças a esse olhar que vai além de só incluir”, complementa Tarso.


Os profissionais refugiados e migrantes da Amanco Wavin estão distribuídos nas unidades de Sumaré, em São Paulo, e em Joinville, que, juntas, concentram cerca de 80% da mão de obra fabril da empresa. Atuando como operadores de produção, muitos deles estão trabalhando pela primeira vez na indústria. É o caso de Margaret Presilia. Administradora de negócios na Venezuela, chegou ao Brasil há cinco anos, sem nunca ter tido contato com a língua portuguesa. Aprendeu a fazer bolos e salgados, e vendeu os quitutes nas ruas de Manaus por quatro anos. Em busca de emprego, ela e mais sete membros da família foram para Joinville em 2021. Em maio deste ano, Margaret e a irmã Ingrid foram contratadas pela Amanco Wavin.



Margaret no seu local de trabalho, em Joinville
Margaret no seu local de trabalho, em Joinville

“Isso mudou muito nossa qualidade de vida. Estou muito contente com a oportunidade. As pessoas da empresa, os chefes e colegas, escutam as necessidades do trabalhador e se preocupam com a segurança de todos. Eu tinha carteira de trabalho, mas nunca nem tinha sido olhada, este é meu primeiro emprego formal no Brasil. Isso ajuda toda a família, que é grande, inclusive minha avó, que mora com a gente e tem 98 anos”, conta.

Com o marido atuando como temporário na Amanco Wavin, Margaret e a família planejam a compra de um carro e da casa própria.


Expansão do programa


Diante da produtividade e do comprometimento desses novos funcionários, a Amanco Wavin começou a ampliar o Projeto Além das Fronteiras, já que a própria gestão das fábricas solicitou mais contratações. Assim, praticamente dobrou o número de profissionais refugiados e migrantes na companhia: em maio, foram admitidos 10 e, agora, são 19. Além disso, para incluir mais pessoas refugiadas e trocar experiências com outras companhias, a Amanco Wavin aderiu ao Fórum Empresas com Refugiados como empresa participante e planeja expandir ainda mais o projeto para outras funções e unidades.


“Essa iniciativa está sendo benéfica para os colaboradores, para a equipe do Projeto e para a gestão. Tivemos vários feedbacks positivos sobre a produtividade desses colaboradores, que servem de exemplo para os demais. O primeiro grupo de migrantes foi contratado há seis meses e todos seguem trabalhando conosco – isso é um ponto de sucesso do programa”, acrescenta Renato.






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