Startup assume o compromisso de contratar 1500 refugiados até 2023 e atua na sensibilização de pessoas e empresas para engajamento à causa
Por: Yana Lima
Salas amplas e integradas, as poucas paredes são coloridas, e há sofás e bares no meio do “escritório”. Na WeWork, os jovens de tênis e camiseta, equipados com gadgets de todos os tipos, se misturam a executivos de empresas tradicionais e falam entre si sobre os mais diversos negócios, em idiomas variados. A proposta da startup americana, que chegou no Brasil em 2010, é oferecer soluções em espaços de trabalho, tanto para pequenas empresas e profissionais liberais, quanto para as médias e grandes corporações - ressignificando, em todos os casos, o conceito de trabalho.
“Aqui celebramos a segunda-feira: Thank God is Monday! Um dos diferenciais da WeWork em relação a outros espaços de trabalho é que temos em nosso DNA o conceito de comunidade, algo que nossos times buscam ativar continuamente em todas as nossas unidades pelo mundo”, explica a gerente de Comunicação e Relações Institucionais, Camila Weber. Mais de 400 mil pessoas trabalham em espaços da WeWork globalmente. Só no Brasil, a startup conta com 19 prédios. A empresa acredita que quando trabalham juntas, comunidades podem causar um poderoso impacto positivo de mudança no mundo.
Motivados por esse espírito, lançaram em 2017 o projeto WeWork Refugee Initiative, que reúne empresas e refugiados em um esforço coletivo para expandir a possibilidade de construção de um futuro melhor para todos. A empresa assumiu a meta de contratar 1,5 mil refugiados no mundo até 2023.
Em 2018, a iniciativa começou a se internacionalizar. O aumento do número de venezuelanos que chegaram ao Brasil entre 2017 e 2018 incentivou a WeWork local a trazer o projeto para o país. Mas logo no começo, a equipe percebeu que teriam peculiaridades diferentes dos Estados Unidos para desenvolver aqui.
“Estamos trabalhando para contribuir com a meta global de integração de refugiados às nossas equipes, mas desde o início percebemos que aqui no Brasil teríamos um poder de articulação muito grande em relação a empresas, membros da nossa comunidade e inclusive fornecedores que fazem parte da nossa rede. Estes parceiros prestam serviços e contratam grandes volumes de pessoas para atuar em nossos prédios. Sensibilizando-os, aumentamos o potencial de oportunidades de trabalho, que é o grande objetivo”, explica a gerente.
Para entender como desenvolver este trabalho, a WeWork procurou o programa Empoderando Refugiadas, desenvolvido pela Rede Brasil do Pacto Global, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a ONU Mulheres. “Buscamos o programa para oferecer nossa
expertise, já que não temos este conhecimento. A partir do nosso envolvimento, percebemos que poderíamos contribuir muito enquanto articuladores para engajar mais empresas à causa”, conta.
Trabalho em rede pelo refúgio
A iniciativa da WeWork pela causa do refúgio no Brasil foi lançada oficialmente em julho de 2018, em um evento em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global, o ACNUR e o Programa de Apoio para Recolocação dos Refugiados (PARR). Na ocasião, a Sodexo compartilhou experiências de contratação. Diversas empresas foram convidadas para participar e aquelas que demonstraram interesse em contribuir foram orientadas pela equipe organizadora.
“Dentro do site da WeWork temos uma plataforma para que as pessoas e empresas que tenham interesse na causa possam se colocar à disposição. Os refugiados também podem direcionar seus dados para fazermos a conexão. Acreditamos no poder de rede. Cada organização tem uma expertise e se conseguirmos juntar tudo isso, nosso resultado será muito melhor”, comenta Weber.
Para o ano de 2019, a WeWork pretende realizar vários eventos relacionados ao tema, em especial um matchmaking, para que empresas conheçam os candidatos. Além de iniciativas externas, a startup também fomenta o assunto internamente, com seus colaboradores. O departamento que pilota projeto é o de Relações Públicas, mas o engajamento passa por todos os setores. Muitos funcionários abraçaram a causa como voluntários.
Atualmente, três refugiados trabalham nos espaços da WeWork. As contratações terceirizadas foram motivadas pela articulação feito com parceiros e clientes da startup. Outros membros da comunidade WeWork também já contam com funcionários refugiados em suas equipes. Segundo Camila, a partir do momento em que a empresa começou a se envolver com a causa e buscar o engajamento de parceiros, percebeu que havia muito desconhecimento por parte do mercado - em sua maioria, dúvidas simples. “O que precisa para um refugiado trabalhar? Como funciona a lei do refúgio no Brasil? O desconhecimento é uma barreira para que as empresas se envolvam”, alega.
Diversidade para além do refúgio
Com o manifesto “Welcome Home”, a WeWork dá as boas-vindas à diversidade em seu ecossistema. Além da causa do refúgio, a empresa desenvolve outras ações institucionais de impacto, como identificam internamente. Promovem o empoderamento de mulheres, LGBTs e abraça a causa da igualdade racial. Dentre as ações sociais de destaque em nível global, por exemplo, há também um projeto desenvolvido com veteranos de guerra. “Queremos que as pessoas se sintam em casa e encontrem na WeWork um ambiente para que fiquem à vontade como elas são, independente de raça, origem, orientação sexual”.
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