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Com programa de Diversidade e Inclusão, contratação de migrantes e refugiados salta 140% na Localiza

03/09/2021

Por Karine Wenzel

O venezuelano Juan Carlos Naranjo, 31 anos, veio ao Brasil no início de 2020, acompanhado da filha caçula e de perspectivas de uma vida melhor. Ele foi contratado como higienizador de veículos na Localiza, em Curitiba, há dois meses. Com o apoio da companhia, conseguiu trazer a família que ainda estava em Manaus. Agora, com o primeiro emprego com carteira assinada no Brasil e ao lado da esposa e dos três filhos, Juan faz planos para o futuro. “Quero dar o melhor de mim e crescer na empresa, quero comprar uma casa própria e que meus filhos possam ter acesso ao que não tiveram na Venezuela”, planeja.


Juan é um dos 145 refugiados e migrantes de 12 nacionalidades que atuam na Localiza. Esse movimento de contratação de pessoas de outros países ganhou força na locadora de veículos com o programa Diversidade e Inclusão, lançado em 2020 pela empresa, e que atua em cinco frentes prioritárias: Equidade de Gênero, Raça, LGBTI+, Pessoas com Deficiência e Migrantes e Pessoas em Refúgio. E a iniciativa já apresenta bons resultados. Em 2016, havia 60 colaboradores vindos de outros países e, em 2021, esse número aumentou 140%. Também foi realizada a tradução de materiais obrigatórios na plataforma corporativa, são promovidos eventos comemorativos como Dia do Imigrante e palestras para conhecer mais sobre os países de origem e suas particularidades, além de serem enviados e-mails no idioma do contratado.


“Esse programa nasceu internamente, mas era um movimento que já existia bem antes, porém não era tão representativo nas pautas das empresas como hoje. A partir de 2010, com a tragédia do Haiti, vimos que fazia todo sentido. Era uma causa humanitária importante e que a Localiza poderia contribuir. Nós temos uma força empregadora muito grande, podemos e queremos fazer a diferença na vida dessas pessoas”, explica José Carlos Batista, diretor de Vendas da área Seminovos da Localiza e padrinho da frente Migrantes e Pessoas em Refúgio.


Batista reforça que o grupo conta com a atuação de 40 colaboradores voluntários, que executam as ações, e 20 que são aliados e auxiliam na divulgação, todos comprometidos em conjunto a sensibilizar as lideranças para a importância do tema, pensar e desenvolver iniciativas para atrair e acolher esses refugiados e migrantes, além de promover a integração dos colaboradores. Atualmente, no quadro de funcionários refugiados e migrantes da Localiza, cerca de 65% vieram do Haiti e 9% da Venezuela.


“A gente se surpreendeu muito com o engajamento das pessoas em relação ao programa de Diversidade e Inclusão. Traz esse movimento humano, de solidariedade e olhar para o outro, que reflete muito na colaboração. Cria um ambiente positivo para com os colegas, empresa e clientes”, acrescenta o diretor.


Com 621 agências espalhadas nas principais cidades e aeroportos do Brasil, Argentina, Colômbia, Equador e Paraguai, a companhia é signatária do Pacto Global da ONU e é uma empresa participante do Fórum Empresas com Refugiados.


Iniciativas para auxiliar no acolhimento


Para driblar o principal desafio na hora de contratar profissionais de outros países, um dos focos da frente Migrantes e Pessoas em Refúgio é a tradução de materiais. O grupo traduziu para o inglês, espanhol e francês os treinamentos obrigatórios da Universidade Localiza, plataforma corporativa para colaboradores. A tarefa foi executada no horário de trabalho por 30 voluntários. Entre outras iniciativas, a Localiza também contratou uma atendente de Disque RH que fala francês, o que é fundamental para tirar as dúvidas dos colaboradores sobre benefícios, programas e auxílios, principalmente para funcionários vindos do Haiti.


A líder do grupo Migrantes e Pessoas em Refúgio, Maria Marquez, sabe muito bem a importância desse cuidado em relação ao idioma. Há sete anos, a venezuelana veio para o Brasil com o marido e hoje, como atendente da Localiza no aeroporto da capital catarinense, ajuda a pensar em ações para acolher colegas na mesma situação. “Eu passei por essa dor, a comunicação é muito importante porque promove maior entrosamento e faz com que colaboradores entendam a cultura da empresa”, diz.


Embaixadores da Diversidade


Para apoiar profissionais que ainda não dominam o português, há ainda 36 embaixadores da Diversidade na empresa fluentes em outros idiomas. Eles passaram por treinamento para esclarecer dúvidas e auxiliar as lideranças no acompanhamento dos migrantes e refugiados.


Um dos embaixadores é o haitiano Chrismann Dorce, 33 anos. Músico no país caribenho, ele veio ao Brasil em 2014. Ficou hospedado na casa de um amigo, atuou em supermercados e numa empresa de embalagens. Até que um dia acompanhou, como intérprete, o irmão em uma entrevista de emprego na Localiza e acabou contratado. Começou como higienizador de carros há cinco anos e hoje é auxiliar de operações em uma agência de Campinas. Ele conta que, mesmo antes do programa existir, esse sentimento de colaboração já era algo natural dentro da companhia. Quando um colega haitiano fraturou a coluna, mais uma vez Chrismann atuou como intérprete para ajudar na documentação e entrada no hospital. “As outras empresas onde trabalhei não tinham essa preocupação com diversidade e inclusão. Na Localiza é bem diferente, porque um se importa com o outro, independentemente da nacionalidade. O que importa é a pessoa. E essa diversidade é importante porque ter gente diferente que compartilha ideias para melhorar as coisas é uma vantagem para todos”, conta.


Junto com a esposa brasileira e o filho Theo, de um ano, Chrismann planeja crescer na empresa e aproveitar as oportunidades, além de empreender. Ele e a companheira sonham em abrir uma padaria.


Detalhes que fazem a diferença na integração



O programa de Diversidade e Inclusão valoriza também os detalhes. Os profissionais migrantes e refugiados recebem e-mails de boas-vindas na sua língua nativa, a empresa promove eventos comemorativos em datas como Dia do Imigrante e tem um projeto para apresentação das pessoas e particularidades de seus países de origem. Há ainda acompanhamento constante da equipe de Assistência Social para possíveis casos de vulnerabilidade e conversas com os líderes para avaliar o desempenho e integração do colaborador.


Outro desafio é a atração desses estrangeiros às vagas da empresa. Para isso, contam com apoio de diversas ONGs, como Instituto Adus, Refúgio 343 e Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, que repassam as oportunidades, filtram contratos, auxiliam na documentação e dão apoio psicológico quando necessário.


“Já estamos colhendo os frutos desse programa, com o aumento na contratação de migrantes. E para empresa é um grande ganho, é uma nova cultura, uma nova visão. São profissionais preparados, que falam outras línguas. Estudos mostram que migrantes ficam mais tempo na empresa. Esse programa muda a vida das pessoas, o que eu sei hoje eu aprendi aqui na Localiza. Os próximos passos do projeto são abrir mais ações para público externo, fazer oficinas para refugiados, finalizar o curso de português para ser disponibilizado a todos e abrir mais vagas para estrangeiros”, planeja Maria.


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